Fiquei fortemente emocionado ao ouvir o presidente Toda
narrando as recordações de seu mestre:
Lembro-me da época em
que o presidente Makiguti ainda estava fazendo pesquisas sobre a sua teoria do
valor quando ele me disse:
- Toda, até agora ninguém publicou uma
teoria sobre a educação como incumbência mais importante de uma escola
elementar. (...)
Jamais esquecerei
aquela noite. Aconchegados ao redor da lareira da minha sala, por volta da meia
noite o presidente Makiguti e eu discutíamos animadamente a respeito da
publicação da sua teoria.
- Sensei, vamos publicar o livro! - eu exclamei e ele gentilmente retrucou.- Isso custa caro.
Então eu lhe disse que
não tinha muito dinheiro, mas que contribuiria com tudo que havia economizado e
perguntei também qual era o propósito de sua teoria educacional. Ele respondeu
serenamente:
- Para criar valores!
Pensei por uns
instantes, e decididamente disse-lhe para chamá-la de Educação Soka.
Depois de uma série de
mudanças e alterações que pareciam não ter fim, a tese do presidente Makiguti
estava pronta para ser impressa. Entretanto, os preparativos não transcorriam
como ele havia desejado, e isto o deixou bastante angustiado. Foi então que lhe
pedi permissão para contribuir na execução dos trabalhos.
O rascunho da tese do sr Makiguti era escrito nos versos de
folhetos de propaganda, envelopes e em pedaços de papel. Ao mesmo tempo em que
ele se dedicava à sua teoria, também devotava-se incansavelmente a seus
exigentes deveres de diretor de escola.
Publicar o enorme manuscrito naturalmente exigia um intenso
trabalho de revisão. Originalmente, o sr Makiguti havia solicitado a um colega para
encarregar-se dessa tarefa. Passados 3 meses, o manuscrito revisado não tinha nenhuma
consistência e aparentava ser apenas um desordenado discurso sobre educação.
Ele simplesmente não conseguiu acompanhar a profundidade das idéias do sr
Makiguti.
- O que devo fazer? Há mais alguém que possa me ajudar? – aflito,
o sr Makiguti perguntava em voz alta.
Sem o mínimo de hesitação, o sr Toda solicitou permissão
para fazer os trabalhos de revisão. A princípio o sr Makiguti pareceu hesitar.
Ele sentiu-se muito grato a seu discípulo tão dedicado e estudioso, mas sentia
que poderia haver outras pessoas com maiores habilidades literárias.
Entretanto, o sr Toda admitiu:
- Embora minhas
habilidades jamais possam ser comparadas às suas, tenho me esforçado ao máximo
para aprender, ler e reler muitas obras primas. Darei tudo de mim para produzir
um texto que tenha a sua aprovação. Eu quero fazê-lo pelo senhor.
Com lágrimas nos olhos, o sr Makiguti respondeu:
- É todo seu. Desculpe
incomodá-lo, eu conto com você.
Naquela época, o sr Toda lecionava em uma escola durante o
dia, e à noite cursava a universidade. Apesar de tantos afazeres, empenhou-se
na concretização dessa obra e conseguiu levá-la ao pleno êxito.
trechos de A Grande
Correnteza para a Paz, volume 1
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